quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Entrevista com Dr. António Marcelino - Director do Agrupamento de Escolas de Bucelas


Depois de realizadas, com sucesso, as sessões públicas de apresentação da segunda edição do projecto “Educar para Cooperar” – Loures nos Agrupamentos de Escolas da Bobadela e de Bucelas, a entrevista deste mês é com o director da instituição de ensino de Bucelas, António Marcelino.

1. O que levou este Agrupamento a envolver-se no desafio de se tornar numa das escolas públicas do concelho de Loures promotoras de Educação para o Desenvolvimento?

Nós gostamos de desafios. Contudo, houve um conjunto de factores que contribuíram para a nossa decisão. Primeiro porque a Educação para o Desenvolvimento faz parte do nosso modelo de escola. Depois porque já tivemos algumas experiências gratificantes desenvolvidas, por vezes, de forma isolada, para a comunidade escolar. Finalmente por defendermos uma escola participada e participante, que pensa a educação e a formação além de um conjunto de preceitos curriculares e o produto de um compromisso social e cultural.

2. O que espera que a comunidade educativa ganhe até ao final do projecto?
Começando pelo fim… que ganhe vontade de continuar a aprofundar parcerias. Mas também que ganhe o aluno através duma conscientização, utilizando uma expressão de Paulo Freire, isto é, que desenvolva uma consciência critica à volta de um conjunto de temáticas que caracterizam o nosso modelo civilizacional. Queremos também nós contribuir para a edificação de uma cidadania activa e aí ganhará o indivíduo mas também a comunidade. Mas também espero que ganhemos nós agentes educativos, professores, pais, através de um trabalho colaborativo e uma maior intencionalidade no processo educativo e formativo.

3. Em que medida a parceria com uma organização da sociedade civil chama a atenção e motiva a comunidade educativa para abordar as temáticas da Educação para o Desenvolvimento?
O nosso anterior projecto educativo tinha como princípio norteador a melhoria da imagem social e física da escola. Foi preciso recuperar a imagem da escola nas suas diversas dimensões. Foi preciso para isso levar a comunidade a confiar na escola, nos agentes educativos mas também nas potencialidades das crianças e jovens. O trabalho desenvolvido permite-nos hoje dizer que temos um conjunto vasto de parceiros que colaboram ou estão disponíveis a trabalhar connosco quer seja na área social e cultural, quer seja no ambiente e mesmo na área económica. Julgamos que, cada uma à sua maneira contribui positivamente para a construção dos nossos alunos. Estas iniciativas têm sempre dois efeitos. O primeiro junto ao aluno, o segundo junto das famílias, ou mesmo instituições, para onde o aluno transporta o conjunto de valores e competências. Não obstante, os resultados no ensino e na educação em geral, não são imediatos. Queiramos pois acreditar naquele provérbio africano que diz “para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira”.